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3 Fevereiro, 2025

Dia Mundial das Zonas Húmidas: vamos desbravar os lameiros na expedição da biodiversidade

Dia Mundial das Zonas Húmidas: vamos desbravar os lameiros na expedição da biodiversidade

Lameiro. Fotografia João Santos/Palombar.

No âmbito do Dia Mundial das Zonas Húmidas, assinalado a 2 de fevereiro, vamos organizar a atividade "Lameiros em Foco: Expedição de Biodiversidade", em parceria com a iniciativa MedWet e o Office Français de la Biodiversité (OFB). A decorrer no dia 6 de fevereiro, em Freixo de Espada à Cinta, alunos/as do 9.º ano do Agrupamento de Escolas Guerra Junqueiro vão descobrir a biodiversidade associada às Zonas Húmidas e a sua importância. Terão a oportunidade de explorar o valor ecológico e cultural destes prados, bem como dos elementos que os complementam, com especial destaque para os muros de pedra seca.



Os muros que são muito mais do que pedra

Os muros de pedra seca são uma componente essencial da paisagem agrícola tradicional e desempenham um papel crucial na gestão da água. Ajudam a conservar os recursos hídricos, a controlar a erosão e a facilitar a infiltração da água no solo. Além disso, constituem um habitat valioso para diversas espécies de fauna e flora, promovendo a biodiversidade local. A atividade proporcionará um contacto direto com este património natural e cultural, permitindo aos alunos compreender a interdependência entre os lameiros e os muros de pedra seca.

Através desta experiência educativa, pretende-se reforçar a importância da conservação dos prados seminaturais e das práticas agrícolas sustentáveis, incentivando uma maior consciência ambiental e um envolvimento ativo na proteção dos ecossistemas. Com recurso a materiais de apoio e ferramentas pedagógicas complementares, os/as alunos/as serão convidados a refletir sobre o impacto das suas ações no ambiente e a descobrir formas de contribuírem para a preservação destes espaços naturais.

“Alameirar a terra”

A origem do nome lameiro remete para a expressão “deixar alameirar a terra”, ou seja, deixar nascer e crescer espontaneamente as espécies autóctones. Os lameiros são importantes espaços para a promoção da diversidade florística e faunística e contribuem, de forma muito significativa, para a preservação do solo e para a sustentabilidade de importantes atividades tradicionais como o pastoreio.

Os lameiros fazem parte dos sistemas agropecuários extensivos e são um ícone do mosaico que caracteriza a paisagem do Nordeste Transmontano. Desempenham também um papel fundamental como áreas de abrigo, de alimentação e de reprodução para muitas espécies da fauna, quer residentes, quer migradoras, desta região.

Os limites das parcelas de lameiros e mesmo o seu interior são ocupados por espécies arbustivas e arbóreas autóctones, principalmente por freixos, uma das espécies que tem maior interesse sob o ponto de vista de disponibilidade alimentar, como complemento do pastoreio, cujas folhas e ramos tenros são nutritivos para os ruminantes. Principalmente no verão, quando outras pastagens escasseiam, o alimento disponível para estes animais nos lameiros assume maior relevância.

Mas há outras espécies de flora associadas aos lameiros ou que aí podem ocorrer, como, por exemplo: amieiro (Alnus glutinosa), carvalho-negral (Quercus pyrenaica), azinheira (Quercus rotundifolia), cornalheira (Pistacia terebinthus), enguelgue/zêlha (Acer monspessulanum), gilbardeira (Ruscus aculeatus), lodão ou agreira (Celtis australis), loureiro (Laurus nobilis), macieira brava (Malus sylvestris), medronheiro (Arbutus unedo), negrilho/olmo (Ulmus minor), pilriteiro (Crataegus monogyna), pereira brava (Pyrus bourgaeana), roseira brava (Rosa canina), salgueiro-branco (Salix alba) e trovisco (Daphne gnidium).

Pela conservação das Zonas Húmidas e dos lameiros!