20 Outubro, 2023
IV Encontro de Convergência Ecológica e Ambiental destaca importância de garantir uma transição energética que proteja o ambiente e beneficie a sociedade
IV Encontro da Convergência Ecológica e Ambiental. Fotografia Pedro Alves/Palombar
O IV Encontro da Convergência Ecológica e Ambiental (ECEA) decorreu em Vimioso nos dias 14 e 15 de outubro focado no tema "Transição Energética? Sim, mas a que custo?". O evento, organizado pela Palombar – Conservação da Natureza e do Património Rural, pela Associação dos Amigos do Mindelo para a Defesa do Ambiente e pela Associação Portuguesa de Turismo Sustentável, abordou e promoveu um debate aprofundado sobre as implicações da acelerada transição energética que se verifica em Portugal e a necessidade de assegurar uma efetiva proteção do ambiente e beneficiar a sociedade.
Durante o Encontro, foram muitos e intensos os debates e discursos sobre a realidade da alteração dos meios de produção de energia em Portugal, os quais estiveram centrados nos problemas, nas soluções e nos passos seguintes a adotar rumo a uma reforma energética verdadeiramente verde. O ECEA começou com a contextualização do evento e a sua ligação à Carta de Famalicão, por parte do presidente da Palombar, José Pereira, passando para a intervenção do presidente da Câmara Municipal de Vimioso, Jorge Fidalgo, que remeteu para a importância da educação ambiental e deu início à discussão do tema principal.
O Primeiro Dia: ideias discutidas e preocupações partilhadas
“Descentralização” e “Velocidade” foram as palavras de ordem do discurso de muitos oradores, incluindo João Joanaz e Miguel Sequeira da GEOTA - Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente, que advertiram para a “tendência megalomaníaca” do governo português ao apostar em medidas energéticas pouco equilibradas. Não faltaram exemplos de investimentos em energias ditas verdes (mas que, não realidade, não o são), como o caso da central fotovoltaica de Gemunde, em Vila Nova de Famalicão, que foi implementada por empresas espanholas numa zona arborizada com 84 hectares, num processo com “pouca transparência e sem atenção ao impacto ambiental e social”, como afirmou a oradora da Associação Famalicão em Transição, Ana Azevedo.
Também Julio Fernandez, presidente da Zamora Viva - Plataforma em Defesa pelo Território, alertou para o perigo da exploração de terrenos nacionais, muitas vezes em zonas rurais, por parte de multinacionais. O orador utilizou exemplos de “extrativismo e colonização” em Espanha para sinalizar a má gestão dos recursos naturais, “sem trazer benefícios para as populações e biodiversidade locais”, e acreditando que a chave está em encontrar um “novo padrão de vida e consumo”. Pelos olhos da Coopérnico, o autoconsumo coletivo alcançado por cidadãos interessados em desenvolver comunidades de energia é uma forma de descentralizar a produção energética, uma resposta “racional, económica e ambientalmente”, refere Ana Rita Antunes. A oradora afirma que “devemos acelerar (a transição energética), mas sem passar do limite de velocidade”.
Um exemplo de um aceleramento desmedido e sem lógica é o Simplex Ambiental, um tema abordado por Alice Pisco e Tereza Fonseca da Plataforma Água Sustentável (PAS), que relembrou a imperatividade do conhecimento popular sobre questões climáticas utilizando como mote o ditado popular “Sol na Eira, Chuva no Nabal”. A par das críticas feitas a determinados empreendimentos energéticos, procuraram-se soluções para os problemas apontados observando exemplos de sucesso. Enquanto porta-voz dos municípios de Guimarães e Valongo, Rui Correia e Gisela Martins, respetivamente, deixaram transparecer o sucesso dos resultados de várias iniciativas promovidas nesses territórios, como o Laboratório da Paisagem, fundado em 2014 pela Câmara Municipal de Guimarães e o Corredor do Rio Leça, um projeto dos municípios de Valongo, Santo Tirso, Maia e Matosinhos.
O Segundo Dia: os projetos locais e a paisagem transmontana
O segundo dia do Encontro ficou marcado pela realização de várias visitas pelas paisagens transmontanas. O domingo começou na Aldeia de Uva, onde está localizada a sede da Palombar, onde explicámos a importância dos pombais na ecologia local e algumas das áreas de atuação da organização. Não podia faltar a visita ao Castelo de Algoso, que incorporou a explicação do projeto UP4REHAB - Unidade de Paisagem para o Restauro de Habitats de Algoso, que tem como objetivo principal restaurar os habitats da localidade e reconverter um eucaliptal em montados de sobro. Durante a visita, foram relembradas as palavras de Rita Duarte, da Reservada Faia Brava, que expôs técnicas potencializadoras da resiliência natural dos ecossistemas.
Visitou-se ainda a Central Fotovoltaica de Mina Tó, onde observámos as chamadas “paisagens de ferro”, nome dado pela presidente da Sociedade Portuguesa de Ecologia (SPECO), Maria Amélia Martins-Loução, aos campos de energia solar. Relembrámos a discussão sobre as implicações da transição energética na conservação da vida selvagem através dos impactos nas aves estepárias, como a águia-caçadeira (Circus Pygargus), espécie-alvo do projeto “Searas com Biodiversidade”.
A organização do ECEA espera que deste evento resultem medidas e ações concretas que potenciem e assegurem uma transição energética efetivamente verde, que garanta a conservação da natureza e a proteção do ambiente e esteja ao serviço da sociedade.
Durante o Encontro, foram muitos e intensos os debates e discursos sobre a realidade da alteração dos meios de produção de energia em Portugal, os quais estiveram centrados nos problemas, nas soluções e nos passos seguintes a adotar rumo a uma reforma energética verdadeiramente verde. O ECEA começou com a contextualização do evento e a sua ligação à Carta de Famalicão, por parte do presidente da Palombar, José Pereira, passando para a intervenção do presidente da Câmara Municipal de Vimioso, Jorge Fidalgo, que remeteu para a importância da educação ambiental e deu início à discussão do tema principal.
O Primeiro Dia: ideias discutidas e preocupações partilhadas
“Descentralização” e “Velocidade” foram as palavras de ordem do discurso de muitos oradores, incluindo João Joanaz e Miguel Sequeira da GEOTA - Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente, que advertiram para a “tendência megalomaníaca” do governo português ao apostar em medidas energéticas pouco equilibradas. Não faltaram exemplos de investimentos em energias ditas verdes (mas que, não realidade, não o são), como o caso da central fotovoltaica de Gemunde, em Vila Nova de Famalicão, que foi implementada por empresas espanholas numa zona arborizada com 84 hectares, num processo com “pouca transparência e sem atenção ao impacto ambiental e social”, como afirmou a oradora da Associação Famalicão em Transição, Ana Azevedo.
Também Julio Fernandez, presidente da Zamora Viva - Plataforma em Defesa pelo Território, alertou para o perigo da exploração de terrenos nacionais, muitas vezes em zonas rurais, por parte de multinacionais. O orador utilizou exemplos de “extrativismo e colonização” em Espanha para sinalizar a má gestão dos recursos naturais, “sem trazer benefícios para as populações e biodiversidade locais”, e acreditando que a chave está em encontrar um “novo padrão de vida e consumo”. Pelos olhos da Coopérnico, o autoconsumo coletivo alcançado por cidadãos interessados em desenvolver comunidades de energia é uma forma de descentralizar a produção energética, uma resposta “racional, económica e ambientalmente”, refere Ana Rita Antunes. A oradora afirma que “devemos acelerar (a transição energética), mas sem passar do limite de velocidade”.
Um exemplo de um aceleramento desmedido e sem lógica é o Simplex Ambiental, um tema abordado por Alice Pisco e Tereza Fonseca da Plataforma Água Sustentável (PAS), que relembrou a imperatividade do conhecimento popular sobre questões climáticas utilizando como mote o ditado popular “Sol na Eira, Chuva no Nabal”. A par das críticas feitas a determinados empreendimentos energéticos, procuraram-se soluções para os problemas apontados observando exemplos de sucesso. Enquanto porta-voz dos municípios de Guimarães e Valongo, Rui Correia e Gisela Martins, respetivamente, deixaram transparecer o sucesso dos resultados de várias iniciativas promovidas nesses territórios, como o Laboratório da Paisagem, fundado em 2014 pela Câmara Municipal de Guimarães e o Corredor do Rio Leça, um projeto dos municípios de Valongo, Santo Tirso, Maia e Matosinhos.
O Segundo Dia: os projetos locais e a paisagem transmontana
O segundo dia do Encontro ficou marcado pela realização de várias visitas pelas paisagens transmontanas. O domingo começou na Aldeia de Uva, onde está localizada a sede da Palombar, onde explicámos a importância dos pombais na ecologia local e algumas das áreas de atuação da organização. Não podia faltar a visita ao Castelo de Algoso, que incorporou a explicação do projeto UP4REHAB - Unidade de Paisagem para o Restauro de Habitats de Algoso, que tem como objetivo principal restaurar os habitats da localidade e reconverter um eucaliptal em montados de sobro. Durante a visita, foram relembradas as palavras de Rita Duarte, da Reservada Faia Brava, que expôs técnicas potencializadoras da resiliência natural dos ecossistemas.
Visitou-se ainda a Central Fotovoltaica de Mina Tó, onde observámos as chamadas “paisagens de ferro”, nome dado pela presidente da Sociedade Portuguesa de Ecologia (SPECO), Maria Amélia Martins-Loução, aos campos de energia solar. Relembrámos a discussão sobre as implicações da transição energética na conservação da vida selvagem através dos impactos nas aves estepárias, como a águia-caçadeira (Circus Pygargus), espécie-alvo do projeto “Searas com Biodiversidade”.
A organização do ECEA espera que deste evento resultem medidas e ações concretas que potenciem e assegurem uma transição energética efetivamente verde, que garanta a conservação da natureza e a proteção do ambiente e esteja ao serviço da sociedade.