29 Novembro, 2024
Congresso Ibérico de Tartaranhões alerta para urgência de salvar espécies em risco e reforça cooperação transfronteiriça
XVII Congresso Ibérico de Tartaranhões. Fotografia Pedro Alves/Palombar.
O XVII Congresso Ibérico de Tartaranhões realizou-se nos dias 22, 23 e 24 de novembro, em Miranda do Douro, no distrito de Bragança, e juntou cerca de 100 pessoas e 40 entidades para debater os principais temas relacionados com a conservação das espécies de tartaranhões (género Circus) que ocorrem na Península Ibérica. O evento foi organizado pela Palombar – Conservação da Natureza e do Património Rural e pelo GIA – Grupo Ibérico de Aguiluchos, no âmbito do projeto LIFE SOS Pygargus - Ações urgentes de conservação das populações de tartaranhão-caçador em Portugal e Espanha.
No centro do debate esteve a necessidade urgente de atuar no terreno para evitar o desaparecimento iminente das três espécies de tartaranhões mais representativas da Península Ibérica, duas delas com estatuto de ameaça elevado em ambos os países: tartaranhão-caçador (Circus pygargus), tartaranhão-azulado (Circus cyaneus) e tartaranhão-dos-pauis (Circus aeruginosus). Segundo dados recentes, registou-se, no geral, um significativo declínio das populações dessas aves nas duas últimas décadas. No caso específico do tartaranhão-caçador, por exemplo, em Portugal, o censo nacional mais recente realizado em 2022 e 2023 revelou um decréscimo de 76-79% da população, em dez anos.
Foram apresentados no evento estudos, censos, campanhas de resgate, salvamento e sensibilização, iniciativas, projetos e documentários relacionados com essas três espécies de tartaranhões.
Reforçar cooperação ibérica na conservação de tartaranhões é ambição comum
Este congresso, que é o mais conceituado evento ibérico dedicado aos tartaranhões e já vai na sua 17.ª edição, realizou-se pela segunda vez em Portugal, após quase 20 anos. Deste encontro, resultou uma vontade comum: estreitar os laços e a cooperação ibérica na conservação e proteção das espécies do género Circus em Portugal e Espanha.
O LIFE SOS Pygargus é já um grande e ambicioso passo nesse sentido. Este projeto junta esforços sem precedentes dos dois lados da fronteira para travar o atual declínio acentuado das populações desta ave de rapina ameaçada. O projeto conta com 17 parceiros, dos quais 13 são entidades portuguesas e quatro são espanholas.
Ameaças para o tartaranhão-caçador estiveram em foco no congresso
Um dos focos do congresso foi a partilha de informação e discussão sobre as várias ameaças que enfrenta o tartaranhão-caçador, espécie “Em Perigo” de extinção em Portugal e “Vulnerável” em Espanha, como o corte precoce de culturas cerealíferas e forrageiras em plena época reprodutora da espécie; a perda de habitat; a agricultura intensiva; a construção de parques eólicos e fotovoltaicos em áreas importantes para a espécie e as alterações climáticas. Abordou-se, adicionalmente, o trabalho colaborativo essencial desenvolvido em conjunto com os agricultores para identificar e proteger os ninhos e a necessidade de encontrar meios para ampliar esse trabalho em parceria e aumentar as áreas seguras para estas espécies nidificarem.
Outros temas importantes estiveram igualmente em debate, como técnicas e ferramentas que se têm revelado eficazes na conservação das espécies de tartaranhões, nomeadamente o seguimento e monitorização com emissores GPS/GSM, o resgate de crias em ninhos destruídos, a utilização de drones e o impacto das alterações climáticas nas práticas agrícolas e no ciclo de vida destas aves.
Participantes descobriram o território, património, cultura e tradições locais
Durante o congresso, os participantes também tiveram a oportunidade de descobrir o território, através de uma visita de campo ao Planalto Mirandês, habitat ideal para o tartaranhão-caçador, e a alguns dos miradouros mais impressionantes do Parque Natural do Douro Internacional. Conheceram igualmente o centro histórico de Miranda do Douro e o seu rico património, numa visita guiada pela arqueóloga Mónica Salgado. E foi ao ritmo dos pauliteiros e ao som das gaitas de fole que vivenciaram a cultura e as tradições locais autênticas.
Este congresso representou um marco na criação de uma rede ibérica colaborativa que envolve entidades, organizações não governamentais de ambiente, conservacionistas, cientistas e academia com o propósito de melhor conservar, proteger e gerir as populações de tartaranhões em Portugal e Espanha.
O projeto LIFE SOS Pygargus é cofinanciado em 75 % pelo Programa LIFE da União Europeia e implementado pela Palombar - entidade coordenadora -, Associação BIOPOLIS-CIBIO, AEPGA - Associação para o Estudo e Proteção do Gado Asinino, ANPOC - Associação Nacional de Produtores de Proteaginosas, Oleaginosas e Cereais, CCDR-N - Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte, EDIA - Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva SA, ICNF - Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, INIAV - Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, LPN - Liga para a Protecção da Natureza, MC Shared Services SA, Modelo Continente Hipermercados SA, SPEA - Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves, UTAD - Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Vita Nativa - Conservação do Ambiente, AMUS - Acción por el Mundo Salvaje, Consejeria de Agricultura, Ganaderia y Desarrollo Sostenible - Junta de Extremadura, GREFA - Grupo de Rehabilitación de la Fauna Autóctona y su Hábitat e Universidad de Murcia.
No centro do debate esteve a necessidade urgente de atuar no terreno para evitar o desaparecimento iminente das três espécies de tartaranhões mais representativas da Península Ibérica, duas delas com estatuto de ameaça elevado em ambos os países: tartaranhão-caçador (Circus pygargus), tartaranhão-azulado (Circus cyaneus) e tartaranhão-dos-pauis (Circus aeruginosus). Segundo dados recentes, registou-se, no geral, um significativo declínio das populações dessas aves nas duas últimas décadas. No caso específico do tartaranhão-caçador, por exemplo, em Portugal, o censo nacional mais recente realizado em 2022 e 2023 revelou um decréscimo de 76-79% da população, em dez anos.
Foram apresentados no evento estudos, censos, campanhas de resgate, salvamento e sensibilização, iniciativas, projetos e documentários relacionados com essas três espécies de tartaranhões.
Reforçar cooperação ibérica na conservação de tartaranhões é ambição comum
Este congresso, que é o mais conceituado evento ibérico dedicado aos tartaranhões e já vai na sua 17.ª edição, realizou-se pela segunda vez em Portugal, após quase 20 anos. Deste encontro, resultou uma vontade comum: estreitar os laços e a cooperação ibérica na conservação e proteção das espécies do género Circus em Portugal e Espanha.
O LIFE SOS Pygargus é já um grande e ambicioso passo nesse sentido. Este projeto junta esforços sem precedentes dos dois lados da fronteira para travar o atual declínio acentuado das populações desta ave de rapina ameaçada. O projeto conta com 17 parceiros, dos quais 13 são entidades portuguesas e quatro são espanholas.
XVII Congresso Ibérico de Tartaranhões. Fotografia Pedro Alves/Palombar.
Ameaças para o tartaranhão-caçador estiveram em foco no congresso
Um dos focos do congresso foi a partilha de informação e discussão sobre as várias ameaças que enfrenta o tartaranhão-caçador, espécie “Em Perigo” de extinção em Portugal e “Vulnerável” em Espanha, como o corte precoce de culturas cerealíferas e forrageiras em plena época reprodutora da espécie; a perda de habitat; a agricultura intensiva; a construção de parques eólicos e fotovoltaicos em áreas importantes para a espécie e as alterações climáticas. Abordou-se, adicionalmente, o trabalho colaborativo essencial desenvolvido em conjunto com os agricultores para identificar e proteger os ninhos e a necessidade de encontrar meios para ampliar esse trabalho em parceria e aumentar as áreas seguras para estas espécies nidificarem.
Outros temas importantes estiveram igualmente em debate, como técnicas e ferramentas que se têm revelado eficazes na conservação das espécies de tartaranhões, nomeadamente o seguimento e monitorização com emissores GPS/GSM, o resgate de crias em ninhos destruídos, a utilização de drones e o impacto das alterações climáticas nas práticas agrícolas e no ciclo de vida destas aves.
Demonstração com drone. Fotografia Pedro Alves/Palombar.
Participantes descobriram o território, património, cultura e tradições locais
Durante o congresso, os participantes também tiveram a oportunidade de descobrir o território, através de uma visita de campo ao Planalto Mirandês, habitat ideal para o tartaranhão-caçador, e a alguns dos miradouros mais impressionantes do Parque Natural do Douro Internacional. Conheceram igualmente o centro histórico de Miranda do Douro e o seu rico património, numa visita guiada pela arqueóloga Mónica Salgado. E foi ao ritmo dos pauliteiros e ao som das gaitas de fole que vivenciaram a cultura e as tradições locais autênticas.
Este congresso representou um marco na criação de uma rede ibérica colaborativa que envolve entidades, organizações não governamentais de ambiente, conservacionistas, cientistas e academia com o propósito de melhor conservar, proteger e gerir as populações de tartaranhões em Portugal e Espanha.
O projeto LIFE SOS Pygargus é cofinanciado em 75 % pelo Programa LIFE da União Europeia e implementado pela Palombar - entidade coordenadora -, Associação BIOPOLIS-CIBIO, AEPGA - Associação para o Estudo e Proteção do Gado Asinino, ANPOC - Associação Nacional de Produtores de Proteaginosas, Oleaginosas e Cereais, CCDR-N - Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte, EDIA - Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva SA, ICNF - Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, INIAV - Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, LPN - Liga para a Protecção da Natureza, MC Shared Services SA, Modelo Continente Hipermercados SA, SPEA - Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves, UTAD - Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Vita Nativa - Conservação do Ambiente, AMUS - Acción por el Mundo Salvaje, Consejeria de Agricultura, Ganaderia y Desarrollo Sostenible - Junta de Extremadura, GREFA - Grupo de Rehabilitación de la Fauna Autóctona y su Hábitat e Universidad de Murcia.